Mulher sentada tocando violoncelo. Ao fundo, um céu azul ensolorado com algumas nuvens, um chão de cimento atrás da mulher. Fim da descrição.

Por que a música mexe com nossas emoções?

Você já notou como certas músicas podem mudar completamente seu humor? Algumas são capazes de te deixar mais triste (afinal, quem nunca chorou ao som de uma música como Black, do Pearl Jam?), enquanto outras parecem funcionar como uma injeção de ânimo e alegria (quem nunca dançou horrores ao som de “Macarena” que atire a primeira pedra!).

Não é novidade que qualquer forma de arte possui um certo ‘poder especial’ capaz de mexer com nossas emoções. Mas, por que isso acontece? São muitas respostas, mas aqui vamos explorar a neurologia/neuroquímica por trás dessa magia musical.

O que são emoções? – Segundo a ciência

A primeira questão que surge é: O que é emoção? Segundo o neurocientista Roberto Lent, as emoções são respostas complexas do nosso corpo e mente. Além disso, podem ser divididas em três tipos:

  1. Sentimento – É como você se sente por dentro. Pode ser uma sensação boa, como alegria, ou ruim, como medo.
  2. Comportamento – É como seu corpo reage externamente, como sorrir quando está feliz ou se encolher quando está assustado.
  3. Ajustes fisiológicos (mudanças no corpo) – É o que acontece dentro do corpo, como o coração bater mais rápido ou sua pele começar a suar.

Além disso, ele sugere que existem dois grupos de emoções:

  • As positivas – Que provocam prazer
  • As negativas – Que provocam desprazer

Essas emoções são controladas pelo Sistema Límbico (lembra dele da aula de biologia?), uma área do cérebro que funciona como o “centro das emoções”.

Ele ajuda a conectar o que você sente e como seu corpo responde a isso – envolvendo partes do cérebro como a Amígdala, que processa o medo, e o Hipocampo, que guarda memórias –, além de estímulos neuroquímicos que podem ser gerados a partir da emoção, como adrenalina, por exemplo. 

É claro, o processamento mental que envolve a decodificação da música é bem complexo. Quando você ouve uma música, várias áreas do cérebro podem ser ativadas. Mas quando estamos falando de emoção, é certeza que o Sistema Límbico entrará em cena!

Basicamente, é como se o Sistema Límbico fosse o maestro da orquestra emocional, organizando todas essas respostas emocionais e como elas irão funcionar.

Música e Emoções

Para o neurocientista Larry Sherman, nossos cérebros são programados para ter respostas emocionais ao som e, consequentemente, à música. Isso explicaria o fato de o córtex auditivo (onde o som é processado) ter tantas conexões diretas e indiretas com o Sistema Límbico. Para o autor, isso explica o poder da música em mexer com nossas emoções.

Além disso, uma recente pesquisa (2024) nomeada “O cérebro musical: por uma neurociência da música aplicada à saúde”, mostrou como a música se conecta profundamente com as emoções humanas, ativando diversas áreas do cérebro responsáveis por reações emocionais e pelo bem-estar (prazer).

A pesquisa destacou que a música tem o poder de evocar emoções intensas, como alegria, tristeza, relaxamento, e excitação, influenciando o estado emocional de cada pessoa de maneira única, de acordo com fatores como cultura, experiências pessoais, e preferências.

Os pesquisadores também destacaram o papel terapêutico da música, abordando como a musicoterapia pode ser usada no tratamento de problemas de saúde mental, como ansiedade, depressão, e transtornos do neurodesenvolvimento.

Segundo a pesquisa, por meio da música é possível promover benefícios como melhora no humor, maior conexão social, expressão emocional, e até avanços no desenvolvimento cognitivo e motor.

Música e emoções – Por que isso acontece?

A pesquisa mencionada acima mostrou que a música não é apenas um estímulo sonoro, mas uma ferramenta poderosa capaz de ativar diversas emoções, e essa conexão entre música e cérebro abre caminhos para novas abordagens terapêuticas e para o uso da música como um recurso valioso na promoção do bem-estar (prazer), e na construção de uma saúde emocional mais equilibrada.

Ainda assim, a nossa pergunta do por quê a música mexe com as nossas emoções não foi respondida. Na verdade, não existe uma resposta (pelo menos até este artigo ser escrito). Quem sabe, algum dia, a ciência consiga explicar não apenas o funcionamento disso, mas o real motivo do mistério por trás da “Magia Musical”!


Referências

LENT, R. Cem bilhões de Neurônios (2 ed.). Rio de Janeiro: Atheneu. 2002.

Muszkat, M., & Carrer, L. R. J. O cérebro musical: por uma neurociência da música aplicada à saúde. Revista Ciências Da Saúde Ceuma2(1), 80–101. https://doi.org/10.61695/rcs.v2i1.20, 2024.

Sherman, L., & Dennis, P. EVERY BRAIN NEEDS MUSIC -The Neuroscience of Making and Listening to Music. New York: Columbia University Press, 2023.


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