Fundo amaralo com notas musicais em sequência

O que é música?

Se você tivesse que explicar em palavras para um extraterreste o que é música, o que você falaria? Quais seriam suas palavras para descrever essa arte sonora que faz parte do nosso dia a dia?

Você certamente já deve ter ouvido aquela velha definição de que “música é a arte de combinar sons de forma agradável aos ouvidos”. Mas eu me pergunto, aos ouvidos de quem? Será que o que agrada uma pessoa é exatamente o que agrada outra? Será que uma fuga de Bach pode agradar a todos? Ou existem pessoas que irão preferir outro estilo musical? 

É claro que você deve ter percebido que música e arte não são coisas tão simples de serem definidas, não é mesmo?

Algumas definições

Robert Fripp, guitarrista e compositor, disse: “A música é o vinho que enche a taça do silêncio”.  Lindo!! Porém poético demais para pesquisadores como eu.  

Já o famoso compositor Ludwig van Beethoven disse: “A música é o vínculo que une a vida do espírito à vida dos sentidos. A melodia é a vida sensível da poesia.” Bom, ele não estava errado, mas um tanto filosófico e complexo para o momento.

Uma outra explicação muito boa seria a de Frank Zappa, sendo mais assertiva nos moldes científicos, digamos. Zappa disse que “um compositor é um cara que sai por aí forçado sua vontade em moléculas de ar inocentes, muitas vezes com a ajuda de músicos inocentes”. 

E Frank Zappa não estava errado. Na verdade, a música que ouvimos só é possível graças à uma série de mudanças nas vibrações das moléculas que viajam pelo ar a cerca de 343 metros por segundo (cerca de 1.235 quilômetros por hora ou 767 milhas por hora, para comparar a velocidade do som com a rapidez com que você dirige um carro).  

Assim, a música pode ser definida como mudanças experimentadas pelas moléculas de ar ao longo do tempo. 

Música só existe se ouvirmos ela?

Mas e se todas essas mudanças nas moléculas de ar acontecerem numa floresta, onde não existe nenhum humano que seja capaz de distinguir isso como música, ainda seria música?

Segundo Dennis Sherman, a resposta para essa pergunta é – O cérebro humano!

Mas, como assim?

Para ele, somente se houver um cérebro como o nosso, ou semelhante, é que existirá música. Mas, será?

Segundo o neurocientista, os nossos cérebros são quem somos, funcionam como computadores em constante mudança que nos permite perceber o mundo que nos rodeia. 

Mas o que isso tem a ver com música?

Para ele, para compreendermos música devemos compreender como o nosso cérebro funciona. Pois cada cérebro é capaz de receber estes sinais sonoros, compreendê-los ou apreciá-los (estética). 

Além disso, essa interferência sonora pode resultar em mudanças nesses cérebros, tanto a curto como a longo prazo.

Mas será que ele está correto?

Uma abordagem muito “humana”, talvez?

Não podemos negar que essa abordagem de Dennis Sherman é um pouco egoísta demais, não é mesmo? Será que o que chamamos de música é algo que envolve apenas humanos? Será que somos os únicos capazes de identificar um som produzido numa floresta e distingui-lo como música ou ruído?

O grande divulgador científico Carl Sagan disse que essa definição é “excessivamente antropocêntrica”. (E, devo dizer: concordo com ele).

Para ele, o ouvido humano não é um detector perfeito de ondas sonoras. De fato, alguns animais conseguem ouvir frequências que nós humanos não somos capazes de perceber. 

A diferença é que usamos o som como forma de comunicação e, consequentemente, arte! 

Mas, talvez, não sejamos os únicos seres deste planeta capazes de perceber e interagir com música.

Mas então, o que é música?

Pensando dessa forma, puramente científica e, um tanto humana demais, iremos aqui adotar a descrição de música feita por Murray Schafer: “Música é uma organização de sons (ritmo, melodia etc.), com a intenção de ser ouvida”. 

Sendo assim, trataremos como música aquilo que tem INTENSÃO de ser! 

Mas, é claro, essa ideia não pode ser estanque, fechada. Precisamos manter nossa mente aberta para novas descobertas, definições, e tudo aquilo que a ciência nos apresentar!


Referências

Sagan, C. . Bilhões e bilhões: Reflexões sobre a vida e morte na virada do milênio. São Paulo: Companhia de Bolso, 2008.

Schafer, R. O Ouvido Pensante. São Paulo: Fundação Editora UNESP, 1991.

Sherman, L., & Dennis, P. EVERY BRAIN NEEDS MUSIC -The Neuroscience of Making and Listening to Music. New York: Columbia University Press, 2023.

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